Sexta Feira Santa e a tradição do mexilhão na Praia das Maçãs
Embora o tempo não ajude muito, os resistentes em manter a nossa tradição viva, lá se encheram de coragem e foram ao mar “apanhar mexilhão”.
Esta tradição que se perde nos tempos na sexta-feira santa, é muito própria da Costa Sintrense.
Há mil e uma maneiras de cozinhar o Mexilhão, esta é uma delas
Mexilhões à Provençal
Coze-se uma porção de mexilhões e depois de cozidos tira-se-lhe o pincel ou barbas que têm seguro ao corpo; pica-se depois muito bem o mexilhão depois de retirado da casca e leva-se assim picado a uma frigideira com um dente de alho esmagado, alguma pimenta moída, um golpe de azeite bom, sal suficiente; salteiam-se, ou deixam-se ferver por um momento, e em estando o marisco bem saturado deste tempero, tira-se do lume, mistura-se-lhe um pouco de esparregado de espinafres, como abaixo explico, e tempera-se com sumo de limão. O esparregado faz-se de espinafres, com bom azeite um dente de calho e uma pitado de pimenta, coze-se os espinafres com a água do mexilhão e engrossando o esparregado com pequena porção de farinha, que deve ficar bem cozida; tempera-se de sal e faz-se o seguinte: enchem-se as cascas dos mexilhões com o picado dos mesmos e com os espinafres que fizemos; depois de cheias unem-se uma à outra e atam-se com uma linha; em estando esgotado o picado, põe-se no fundo de uma frigideira funda uma camada de mexilhões cheios e picado, em cima destes outra camada esparregado e assim sucessivamente até acabar uma e outra coisa, contando que a ultima camada seja esparregado; põem-se então em cima deste pão e queijo parmesão ralado salpica-se com azeite e vai ao forno forte; em estando coradinho por cima tira-se e serve-se.
Para acompanhar um branco “Chão D’Areia” da Adega Regional de Colares.
Nota
Muitas destas receitas foram elaboradas no princípio do século passado e como tal o português empregue nessa altura, era um pouco diferente daquele hoje utilizamos. Elas foram-me passadas assim, pela minha avó Margarida de Portalegre e em sua homenagem procuro não adulterar a sua real origem.
Texto e fotos: Vitalino Cara d’Anjo